Iniciação à Ciência

terça-feira, 8 de abril de 2008



Segunda prova de Iniciação à Ciência: 29/04.

Hoje começa o conteúdo da próxima prova.

Comentário do professor sobre a forma de estudar para a prova: apesar do conteúdo que segue poder ser encontrado na apostila que vocês poderão obter na Xerox do Pier 22 por apenas R$ 2,10, os autores usam de tecnologias lingüísticas que, para nós, ainda é rebuscada e erudita. Recomenda-se, portanto, prestar atenção na aula. Poupa-se tempo.
 

Tópicos que serão cobrados:

  1. O conhecimento
  2. Epistemologia
  3. Racionalismo
  4. Empirismo
  5. Criticismo kantiano
  6. Ceticismo
  7. Dogmatismo
  8. Sofistas
  9. Dialética

Apanhado superficial sobre cada tópico:

 

O conhecimento: como já estudamos, ele possui os três elementos básicos: sujeito, objeto e imagem. Sujeito: consciência cognoscente, que procura o conhecimento; objeto: o que será conhecido pelo sujeito; imagem: relação existente entre sujeito e objeto que se trata da própria apropriação das características deste por aquele.

Epistemologia: vejamos etimologicamente o significado dessa palavra. Logia, como sabemos, quer dizer estudo, ciência, tratado, teoria. Episteme: ciência, estudo, tratado, teoria. Ora, são sinônimos compondo a mesma palavra! De fato, a epistemologia é a ciência da ciência! Mais conhecida como Teoria da Ciência. Serve para verificar os aspectos da formação do conhecimento, e como ele é repassado e construído.

Projeto de pesquisa: falaremos sobre ele durante todo o mês de maio. É o planejamento, a organização de uma pesquisa que se pretende realizar. É o primeiro passo para a produção do conhecimento. As bases são universais. O conhecimento cientifico, como já sabemos, deve ser universal e público para ser considerado como tal. A epistemologia, ou teoria da ciência, definirá a fundamentação básica do conhecimento cientifico, independente de onde ele for produzido.

Racionalismo: prioriza o intelecto na produção do conhecimento. O grande ponto fundamental do racionalismo é a desqualificação dos órgãos dos sentidos em prol da razão. Desqualifica o conhecimento intuitivo e o sensorial.

Empirismo: ligado aos aspectos dos órgãos dos sentidos. Tem origem mais ou menos no conhecimento sensorial e intuitivo.

Criticismo kantiano: crítica de Immanuel Kant sobre o racionalismo e o empirismo. Kant dá origem ao criticismo, que culminará no Iluminismo do séc. XVIII. Até o final desta disciplina, teremos estudado os principais “ismos”: capitalismo, socialismo, comunismo, racionalismo... “ismo” significa linha de estudo, tendência, filosofia, conjunto de ideias. Exemplo: capitalismo: conjunto de ideias que versa sobre o capital. Kant é considerado autoridade a respeito de moral e ética moderna.

Ceticismo: o cético é aquele que não acredita na viabilidade das coisas e do conhecimento. Não acredita que o homem tenha condições de perceber o conhecimento como um todo.

Dogmatismo: o dogmático é aquele que acredita em excesso. Parte do princípio da verdade absoluta, mesmo que não seja verdade, nem absoluta.

Sofista: indivíduo que, a principio, é tomado como um grande inimigo da ciência porque não tem comprometimento com a verdade. Usa o conhecimento para fazer pontos, emprega palavras bem elaboradas para, com o uso da eloqüência, aparentar estar sendo verdadeiro.

Dialética: Tese, antítese e síntese.

Analisaremos, nesta aula, os três primeiros tópicos:

O conhecimento

Não vamos nos aprofundar muito, ele já foi estudado. Apenas devemos manter em mente que ele pressupõe a existência daquele trio: sujeito, objeto e imagem, bem como saber o significado de cada um dos elementos.

Epistemologia 

Também chamada de Filosofia da Ciência. Estuda os fundamentos da ciência. O conhecimento só é considerado cientifico na medida em que ele universal e público. Ao abrirmos uma revista de divulgação científica, veremos nos artigos:

  1. Quais foram os objetivos da pesquisa (o artigo visa comunicar os resultados de uma pesquisa);
  2. Quais passos utilizados para a realização da pesquisa;
  3. Técnicas de coleta de dados;
  4. O referencial teórico;
  5. Os resultados obtidos.

Esses são tópicos padronizados que não dependem do país ou região onde ocorreu a pesquisa e a publicação. Se um pesquisador escreve um artigo e não detalha sua metodologia, tal pesquisa já não pode ser considerada científica nem o conhecimento dali produzido. Os princípios deverão ser os mesmos em qualquer lugar do mundo. Ao escrever o artigo, o que eu é escrito, na verdade, são os princípios epistemológicos. Eles permitirão replicar a pesquisa e verificar a veracidade dela. O ponto chave é chegar ao mesmo resultado ao se repetir o experimento.

Se você, por acaso, desenvolver uma nova tecnologia que lhe dará grande vantagem econômica sobre seus concorrentes, nem pense em publicá-la num artigo científico. No caso da Coca-Cola, o que é protegido é o nome da marca. Ela não patenteou a fórmula. Qualquer um está autorizado a tentar replicá-la, mas, antes disso acontecer, o sujeito que está perto da façanha poderá ficar rico antes mesmo de anunciar seu feito: Coca pagará uma pequena quantia para que a pesquisa cesse.

Racionalismo

Autoridade: Renè Descartes, pai da Filosofia moderna, pai do produto cartesiano. o racionalismo busca desqualificar os órgãos dos sentidos. Grande parte do que conhecemos ou queremos conhecer tem origem nos nossos órgãos dos sentidos, e, portanto, do conhecimento sensorial. Disse Descartes, não exatamente nessas palavras: “Grande parte do que temos em nossa mente nos chega através dos órgãos dos sentidos. O nosso conhecimento, em sua esmagadora maioria, é construído com base nessas informações assim adquiridas. Entretanto, tais informações não merecem confiança pois os órgãos dos sentidos são extremamente falhos, incompletos e não conseguem captar a realidade tal como ela é [...]”

A visão humana é muito limitada. Nós não conseguimos enxergar grande parte da existência das coisas. A realidade captada por uma águia é diferente da realidade enxergada pelo homem pelo fato de os olhos humanos serem muito imprecisos, relativamente deficientes. A águia enxerga detalhes que o olho humano jamais teria condições de ver. Há diferenças inclusive entre os humanos: há os que têm boa visão e os amétropes. Nem mesmo o homem com visão normal sabe se está captando corretamente! Nem segurança da tonalidade das cores podemos ter certeza. Por isso que somos enganados por ilusões de óptica. Em suma: temos uma visão deturpada da realidade. Essa é a premissa da qual parte Descartes em seu pensamento.

O mesmo vale para a audição: há muita coisa que o humano não capta. O cão percebe muito mais coisas captadas por suas orelhas do que os humanos; a realidade auditiva captada pelo cachorro é bem mais acurada. O ouvido humano não está equipado para captar os mais diversos sons da realidade.

Aspecto olfativo: vale o mesmo raciocínio do auditivo.

Descartes constrói seu método em cima da dúvida. O conhecimento é construído com base no que vem dos órgãos dos sentidos, mas eles são falhos, então o conhecimento que temos também será falho. Não temos consciência de que nosso conhecimento é dificilmente verdadeiro. Ou seja, tudo que eu conheço pode ser falso, pois a base não é necessariamente verdadeira! Portanto a ideia central de Descartes é a dúvida. A única coisa verdadeira é que eu estou duvidando de tudo, portanto, estou pensando e, se estou pensando, eu existo! Cogito, ergo sum. Esta é a primeira certeza cartesiana.

PDF relacionado: crítica a Kant com menções a Descartes: Kant e o primado do problema crítico.