Iniciação à Ciência

Terça-feira, 18 de março de 2008

Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico interessa sobretudo em função daquilo que a sociedade e as próprias escolas de educação básica pensam a respeito da Filosofia e dos filósofos. O sentimento geral que se tem é que a Filosofia é "a ciência com a qual o mundo continua como tal igual". É esse o imaginário que se tem a respeito dela. Em outras palavras, ela não faz grande diferença para a maioria das pessoas.

Ainda de acordo com o senso comum, o filósofo é o doidão, aéreo, que não tem os pés no chão, que pensa a respeito de sonhos, utopias e quimeras. É o estereótipo que a sociedade passa a respeito dele.

Mas as pessoas esquecem, ou melhor, nunca souberam, de que o que dita os rumos da própria ciência é a Filosofia! Verificaremos isto hoje.

Alguns aspectos fundamentais da Filosofia:

Muitas coisas que aprendemos durante o final do ensino fundamental e médio na aula de “Filosofia” não era de fato Filosofia. Tratava-se, em verdade, de História da Filosofia: como pensavam os filósofos pré-socráticos, o que pregava Platão, Aristóteles, os filósofos da era moderna, que idéias defendiam durante o iluminismo, e coisas afins. Uma das poucas exceções foi o aprendizado do Mito da Caverna, que de fato tratava-se de filosofia propriamente dita.

Parte central da Filosofia:

Etimologicamente, FILOSOFIA quer dizer:

Filo: amor, estar próximo, relação de proximidade, de amizade, ser amigo, ser amante, gostar, ser entusiasta de, aquele que busca.

Sofos: sabedoria.

Note que o filósofo não é aquele que detém a sabedoria, mas que a persegue. O termo foi cunhado por Pitágoras entre os séculos VI e V a.C. Ele não aceitava a denominação de “sábio”, mas sim de “amigo do saber”. A Filosofia não busca deter nem ter a posse do conhecimento, ela simplesmente o “busca”.

Hoje, o mecanismo de busca do conhecimento é tão importante ou até mais do que o próprio conhecimento: estamos num estágio de constante atividade de pesquisa no mundo inteiro. Nunca se produziu tanto conhecimento quanto hoje, por diferentes cantos do mundo, numa taxa que cresce geometricamente. E talvez o conhecimento de hoje já não tenha validade daqui a poucos anos; pois logo descobrirão algo que deve substituí-lo. No séc. XXI, para um indivíduo se manter razoavelmente atualizado, é necessário que ele leia pilhas e pilhas de material. A busca pelo conhecimento se tornou incessante; é impossível, pois, conhecer tudo. Neste momento que a Filosofia entra em cena: saber o que buscar. Saber o que pesquisar. Se não quiser a ajuda dela, vá ao Google e digite “conhecimento científico” e divirta-se com um dos 515 mil resultados encontrados. A Filosofia, para quem a conhece e a usa, ajudará o pesquisador nos critérios de pesquisa.

Filósofos brasileiros vivos de notoriedade:

Olavo de Carvalho (www.olavodecarvalho.org , http://blogtalkradio.com/olavo) – filósofo autodidata conservador de direita. Opinião do Leo: um dos homens mais cultos do Brasil.

Marilena Chauí (http://www.fflch.usp.br/df/site/professores/chaui.php) – progressista ligada ao PT. Antagonista de Olavo de Carvalho.

Hoje, precisamos de um método filosófico para separar o conhecimento. Até mesmo para fazer uma pesquisa no Google. Perguntas iniciais: Por que estamos pesquisando? O que pretendemos? Temos que ter um aspecto racional de busca. Do contrário, fique apenas no copiar-e-colar.

Shakespeare disse: “há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que possa imaginar nossa vã Filosofia.”

Curiosidades: o maior grau universitário atingível por um indivíduo é o de Ph.D, ou Doctor of Philosophy. Isso independe da área na qual o estudante está escrevendo a respeito, já que o conhecimento humano é contínuo, e a Filosofia dá o nexo a todas as áreas do conhecimento. Por isso ela já foi chamada de “ciência de todas as coisas”, apesar de hoje em dia essa acepção não ser mais tão correta. Outra curiosidade: o curso de Física na Universidade de Cambridge é chamado de "Filosofia Natural"; enquanto a obra-prima de Isaac Newton é o Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica, ou “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”.

Ciência Positiva: tudo aquilo que está determinado através de leis. Sejam elas leis naturais, como da Física, ou leis estabelecidas, como do Direito. Ambas são ciências positivas: no primeiro caso, é considerada válida a lei demonstrada matematicamente, verificada experimentalmente e então aceita pela comunidade científica; no segundo, vale o que está escrito nos códigos. Elas abrangem elementos que podemos pegar, testar, medir, quantificar, analisar. A palavra “positiva” é derivada do POSITIVISMO, de Auguste Comte. As três palavras básicas da doutrina eram: amor, ordem e progresso. A expressão na Bandeira do Brasil é puramente positivista, só não se sabe ao certo o que foi feito com o amor.

Positivismo na educação: a primeira evidência de que a educação é adepta da doutrina positivista é a divisão das disciplinas. A segunda é o uso de notas quantitativas na avaliação: é o conhecimento sendo medido.

A Ciência positiva é muito fragmentada, dividida. A Filosofia não perde a visão do todo; ela é mais geral e completa. A fragmentação da ciência positiva tem um risco: com o alto grau de especialização optado pelos cientistas de nosso século, eles também perdem a visão do todo e se alienam. Tornam-se os vulgos “conhecedores de quase tudo sobre quase nada”. A alienação associada à forte fragmentação também está presente no sistema educacional cubano: os alunos aprendem exatamente como se executa um procedimento, como se faz uma cirurgia, como se constrói um edifício, mas também vivem alienados em relação às questões político-econômicas do país em que vivem. Tanto o cientista altamente especializado quanto o aluno cubado são alienados, no entanto, ainda assim ambos são úteis para a sociedade.

Diferença entre o conhecimento científico e o filosófico: o primeiro busca estabelecer relações de causa e efeito usando um método experimental, enquanto o segundo busca a mesma relação de causa e efeito pelo questionamento de tudo. O questionamento é exatamente o ponto central da Filosofia. A Filosofia pergunta, a ciência vai atrás na tentativa de responder.

Projetos de pesquisa: são todos essencialmente filosóficos. Quem dita os rumos da pesquisa é a Filosofia, assim como a mesma deveria ditar os rumos do estudante que faz uma busca no Google, como explicado acima.

Fatos associados à Filosofia no Brasil:

Nós estudamos muito pouco ou quase nada de Filosofia durante os ensinos fundamental e médio. Logo no começo da ditadura militar, o currículo escolar foi revisto. A Filosofia perdeu importância, evidenciada pela carga horária atribuída. Até hoje é assim: Matemática, Física, Química e Biologia lideram em horas-aula com cerca de quatro aulas por semana. Em seguida vem Língua Portuguesa, História, Geografia, Inglês, as ciências sociais e humanas (Desenvolvimento Pessoal e Social, Formação Humana, Sociologia e outras) e só então vem a Filosofia. Ela foi posta em último plano pelos militares porque com o conhecimento dela o indivíduo torna-se perigoso a qualquer regime. Na história humana, nada matou tanto quanto idéias advindas da filosofia. Causa-se muito estrago com ela desde que bem empregada.

Opinião do Leo: vide os links acima do Olavo de Carvalho. :)