Perguntas para orientar a leitura do texto 8: Cidadania e Justiça
Qual a ideia central do texto?
Qual o conceito jurídico de cidadania?
Quais as causas que impedem um amplo acesso à justiça, por
parte da população?
Para o autor, a reforma do judiciário garantirá um maior
acesso à justiça?
Quais os aspectos positivos apontados?
Aula de hoje: resolução do questionário* distribuído na
aula passada:
A cultura está sempre se fazendo, o processo
nunca pára. **
Falso. Não existe determinação em relação às
diversidades de comportamento. Pode haver uma influência no condicionamento,
mas não uma determinação. Em outras palavras, determinismo biológico e
geográfico não são fatores de formação de culturas.
Legitimidade da lei: nem toda lei é legitima. Isso
porque quem legitima é a sociedade, não o legislador. A lei é um fato social,
portanto nasce das relações entre os indivíduosim. Nem todas as leis atendem
aos interesses de todos. (lembrar da diferença entre interesse de todos e
interesse geral...) Na esfera do Direito, a lei pode ser legítima, pois está
positivada no código e está alicerçada juridicamente, mas não para a
Sociologia.
O uso dos termos criança e menor reflete a
distinção ideológica. É uma
discriminação. Até uma determinada idade, chama-se
MENOR
DE IDADE, juridicamente falando. Sociologicamente, depende do contexto.
Quando ouvimos
“menor comete crime” já temos certeza que se trata
de um menor de classe baixa.
“Adolescente comete crime”: com certeza se tratará
de um menor de classe média
ou alta. As palavras “criança” e
“adolescente” evocam carinho, amor, afeto e
até mesmo atenção do mercado. Para o
“menor”, há a reserva dos noticiários, das
instituições, justamente aquelas que tratam dos
infratores.
Distinção entre indivíduo e pessoa: esses
dois
elementos se equilibram de tal forma que se permitem o jeitinho e a
malandragem. O indivíduo é aquele que se considera igual
a todos, sujeita-se às
leis universais e submete-se a todas elas. O indivíduo
constrói a própria vida,
enquanto que a pessoa é o sujeito das relações
sociais. Vive através de suas
relações. Os dois elementos ilustram
posição entre aquilo que é público e o que
é privado, conhecido e anônimo, biográfico e
universal. São duas formas de se
agir no mundo social. O indivíduo, quando precisa de um
trabalho, envia o
currículo, busca, mostra suas qualificações. A
pessoa correrá em busca daquela
outra que lhe arranjará um emprego. Sempre, é claro,
através das relações
sociais. O indivíduo é a unidade social; ele cria os
ideais de individualismo e
igualitarismo. É resultado da história, do processo de
construção da nossa
civilização ocidental. Surgiu com o iluminismo: é
o centro do universo. Em relação à pessoa, a ideia
é de que existe
uma relação de complementaridade entre uma e outra. A
pessoa usa uma de suas máscaras
para viver no mundo social, seja ela o sobrenome, o padrinho, os
amigos, o
pedigree, enfim, as relações sociais. Na sociedade
moderna prevalece a noção de
indivíduo; já nas sociedades tradicionais, como a nossa,
prevalece a figura da
pessoa. Não existe a relação de CONTRATO SOCIAL
aqui em nosso meio. Para que
haja uma sociedade igualitária e democrática, é
necessário que se deixem de
lado as relações sociais como forma de conseguir as
coisas, e sim conseguir por
si mesmo. Com apadrinhagem, a sociedade funcionará de maneira
hierarquizada.Se você
não pode fazer papel de “pessoa”, então você usará o jeitinho. Marta Suplicy,
nossa ilustre ministra, usa o conceito de pessoa, e não de indivíduo. Isso ficou
bem claro no episódio
no qual ela se recusou a passar pela inspeção de bagagens ao viajar para a
China pela Air France.
Aos amigos tudo; aos inimigos, a lei” o simples
fato de existir um ditado como esse mostra o tipo de sociedade que nós vivemos:
a lei não tem aplicação universal. A vida jurídica de um país deve ter coerência com a vida diária. As leis
existem ou deveriam existir para facilitar a vida e não se curvar ao privilegio
de alguém. A lei não pode favorecer a uma classe, à hierarquia, às relações
sociais. A lei define o que é certo e o que é errado, para todos. No Brasil,
entre o “pode” e o “não pode” existe uma série de jeitinhos. Caso
notório: sobrinha de George Bush, residente na Flórida, estado cujo pai era
o governador. Havia sido presa por fraude de prescrição de medicamentos. Foi para
a cadeia algemada, ficou dez dias lá. Freqüentou o programa de reabilitação de
drogados. Os pais ficaram “profundamente” tristes, mas afirmaram que a filha
deveria enfrentar as conseqüências de suas ações.
A frase “sabe com quem você está falando?”
(opinião do Leo: uma das frases mais boçais faladas no Brasil) revela a
sociedade enquanto sociedade autoritária. Os brasileiros detestam o conflito;
buscam logo a resolução mais irracional e curta para qualquer desentendimento.
(*) Infelizmente extraviei o meu questionário.
(**) Não peguei em tempo a resposta desta primeira questão.