Sociologia

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Émile Durkheim e a divisão do trabalho social

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Durkheim queria mostrar que a divisão do trabalho era um fato social.

Se os indivíduos, no início, ainda não se diferenciavam quanto às atribuições, esse quadro começou a mudar na época da implantação do capitalismo. Causas sociais levaram à divisão do trabalho.

Fatores formadores da divisão do trabalho: como ela é um fato social, sua causa é também social. É uma mudança da estrutura da sociedade, causada pela combinação de três fatores:

Segundo Durkheim, a sociedade se constitui no início como segmentos dissociados.

Representação em bolas

Todos desempenham as mesmas funções antes de haver o intercambio de indivíduos. Quando eles começam a disputar espaço, ou seja, quando os círculos representativos começam a se intersectar, os indivíduos começam a ter contato com os de outros segmentos e, nesse momento, a explicação dada para a as mudanças da sociedade e busca da sobrevivência é baseada na então popular teoria evolucionista de Darwin.

Então, os indivíduos se especializam em vários diferentes ofícios. Todos precisam de todos, eu preciso de você, você de mim, ele dela, ela dele... então a solução encontrada para a sobrevivência foi pacífica: a divisão gradual do trabalho.

Os positivistas também são chamados de organicistas, pois eles fazem analogias com organismos celulares. Os clãs formam tribos, que formam confederações, que formam os Estados. A complexidade crescente leva a uma diferenciação social, que culmina na divisão do trabalho.

Os dois tipos de sociedade para Durkheim:

  1. Solidariedade mecânica: por semelhança entre os indivíduos. Eles não se diferenciam. Têm os mesmos sentimentos, valores e crenças. Aqui existe uma consciência coletiva muito forte. Por consciência coletiva entendemos “o conjunto de crenças e sentimentos comuns à maioria dos membros da sociedade, que forma um sistema determinado, que tem vida própria.” A extensão e a força da consciência coletiva são inversamente proporcionais à personalidade e à individualidade de cada indivíduo que compõe a sociedade. Não podem ser medidas com exatidão, mas são percebidas pela solidariedade e vistas pelos seus reflexos no Direito. Quando a consciência coletiva é menor, as pessoas têm mais liberdade de ação. Podemos comparar uma cidade pequena com uma cidade grande. A forma de agir, pensar, e sentir os valores são mais iguais numa cidade menor do que numa grande cidade. Seitas e grupos maçônicos têm consciência coletiva mais forte ainda porque tratam-se de sociedades segmentadas. Durkheim chama de mecânica por analogia com os organismos brutos, que agem de forma similar. Não há individualidade nem direitos individuais nessa sociedade. Nesse tipo de sociedade, o Direito é repressivo e penal. A função das penas, que são rigorosas e cruéis, é manter a consciência coletiva em toda a sua vitalidade. O crime ofende a todos; o desvio ameaça a integridade e a própria existência da sociedade.
  2. Solidariedade orgânica: há diferenciação entre os indivíduos. São vários órgãos, mas cada um deles é essencial para a vida do todo. Há individualidade e direitos individuais. A consciência coletiva é menos forte, como nas sociedades modernas, mas ainda assim é existente, pois sem ela a sociedade se desintegraria. É necessário que todos os indivíduos compartilhem sentimentos coletivos como repúdio aos maus-tratos, à pedofilia e outras crueldades. 

A solidariedade é um fenômeno moral. Mas como percebê-la? Para isso, procura-se o símbolo visível da sociedade que, de acordo com Durkheim, é o Direito. Ele foi o primeiro a percebê-lo como fato social. A vida social não pode se desenvolver se a vida jurídica não se desenvolve no mesmo sentido. À medida que os indivíduos vão criando novas relações, o Direito aparece para regulá-las. A solidariedade, em si mesma, não está em lugar algum; é perceptível apenas seus efeitos sociais. A solidariedade da família não é a mesma que existe num ambiente profissional, nem a família de hoje apresenta  mesma solidariedade das famílias antigas.

Solidariedade significa solidez, aquilo que consolida e dá coesão. Seu símbolo é o Direito. Na solidariedade mecânica está presente o Direito repressivo, pois, como dito, o crime abala a todos, e a consciência coletiva é forte. Se ela for contrariada, o impacto sobre a sociedade é muito maior.

Teorias de Durkheim: o indivíduo é conhecido através do estudo da sociedade. No trabalho “Divisão do Trabalho Social”, de 1893, ele define duas ideias principais da sua Sociologia. O indivíduo nasce da sociedade e não a sociedade do indivíduo.

  1. Prioridade histórica das sociedades segmentárias: o indivíduo está perdido no todo, a consciência individual está inteiramente fora de si.
  2. Prioridade lógica: se os indivíduos não se diferenciavam, se não tinham consciência da individualidade, não poderíamos ter pensado em dividir o trabalho para aumentar o rendimento coletivo. Portanto, a maior produtividade é uma conseqüência e não a causa da divisão do trabalho.

Durkheim sustenta que é preciso estudar os estados individuais pelo estado da coletividade, e não o contrário. Os fenômenos grupais não se reduzem aos fenômenos individuais. Os fatos sociais têm origem na coletividade e não no indivíduo. Há prioridade do todo sobre as partes.

Próxima aula: O Suicídio (Obra de Durkheim, já mencionada no texto 2).