Sociologia

segunda-feira, 9 de junho de 2008


Karl Marx (1818-1883)

 Tópicos:

  1. Visão marxista do capitalismo
  2. Categorias da dialética
  3. Crítica à economia política
  4. Noções básicas de economia política
  5. O Estado para Marx
  6. O Estado para Hegel e a crítica de Marx
  7. Modo de produção
  8. Materialismo histórico

Introdução: A teoria de Marx é a que mais influencia a sociedade, pela crítica ao capitalismo. Percebe o capitalismo de forma completamente diferente, não como um sistema capaz de distribuir riquezas, mas de concentrá-las e explorar o proletariado.

Período da juventude, 1841-1848: Manifesto do Partido Comunista. Trata da crítica à Filosofia do Direito, questão judaica, entre outros. Marx procurou Engels porque este havia escrito uma obra sobre o comunismo. Engels era filho de um burguês rico, industrial, e chefiava uma fabrica do pai. Nesse momento ele é contatado por Marx. Engels passa a sustentar Marx durante o resto de sua vida, enquanto morou em Londres.

O manifesto comunista é considerado uma das obras primas da propaganda política, mas não como idéia científica.

Engels, inclusive, edita posteriormente as obras de Marx e compila os dois capítulos do Capital, e os publica em seguida.

Visão marxista do capitalismo: Marx tem um visão diferente do capitalismo da época: ele parte da dialética. A dialética tem dois sentidos: uma é característica da Natureza: aquilo que ela tem de mais característico, que é a permanente transformação das suas feições, a mutabilidade. É uma forma de o pensamento se aproximar dos fatos partindo da idéia de contradição.

Se aceitarmos que a Natureza tem o aspecto da mutabilidade, temos que aceitar também a existência de outro aspecto, o da identidade, da permanência. Se o homem não fosse capaz de, no meio dessa transformação constante, perceber os aspectos estáticos do mundo, ele simplesmente não teria como agir. Por exemplo, a árvore: pode ser alta, baixa, grossa, fina, com folha, sem folhas, com ou sem frutos e flores, ser ou não um obstáculo. Pode, inclusive, variar nessas características ao longo do tempo. No entanto, ela é sempre identificada como uma árvore. Há, portanto, o critério da identidade.

No início, a busca pelo conhecimento era esta: parte-se para conhecer o critério da identidade ou da transformação.  O que  fazemos, então? No primeiro momento os filósofos explicavam assim: o movimento era uma ilusão dos sentidos. Não tinham como explicar o movimento. O primeiro a tentar dar uma solução a isso foi Aristóteles, que tenta construir o primeiro grande sistema filosófico. Enaltece a identidade: o imutável. O que muda são os estados sucessivos do mesmo ser. O homem nasce, cresce, aprende, trabalha, fica feio, fica rico...  esses são estados do mesmo ser, que é o homem, que, na essência, é permanente e imutável.

No início, a busca pelo conhecimento era esta: parte-se para conhecer o critério da identidade ou da transformação.  O que  fazemos, então? No primeiro momento os filósofos explicavam assim: o movimento era uma ilusão dos sentidos. Não tinham como explicar o movimento. O primeiro a tentar dar uma solução a isso foi Aristóteles, que tentou construir o primeiro grande sistema filosófico. Enaltece a identidade: o imutável. O que muda são os estados sucessivos do mesmo ser. O homem nasce, cresce, aprende, trabalha, fica feio, fica rico... mas esses são estados do mesmo ser, que é o homem, e que, na essência, é permanente e imutável.

As entidades religiosas são imutáveis, bem como a ciência de até então, que é mecanicista. Consistia em perceber o que era bom, o que era mau... com as mudanças, transformações ao longo do tempo, a questão se coloca assim: não se trata de conhecer e adaptar-se à Natureza, mas transformá-la. Então a lógica formal dá sinais de esgotamento. Quem rompe com a lógica formal é Hegel, que cria a dialética hegeliana. Parte do ser, mas não o ser em si, permanente, mas um ser contendo permanentemente o NÃO SER. Da luta entre seres contrários surge sempre um novo ser. Isso se chama tríade dialética.

A questão do movimento foi vista por Aristóteles como potência e ato. As coisas passavam de um estado de potência para um ato.

No entanto, essa forma de pensar era a ocupação sucessiva dos diferentes pontos das trajetórias. Quando surge a lógica dialética, o movimento passa a poder ser descrito: passa da ocupação de um ponto, depois para a não-ocupação, depois novamente ocupação, e assim sucessivamente.

Mas Hegel era idealista; isso era uma contradição no pensamento, a história era o conjunto das idéias concretizadas. Por isso ele é atacado por Marx e Engels.

Eles tomam a dialética hegeliana e a põem de cabeça para baixo. Mostram que a contradição ocorre na vida material. Daí Marx parte para explicar que o  capitalismo tinha uma função bem diferente do que se dizia, na época.

Categorias da dialética: a dialética trabalha a partir de algumas categorias. São elas:

  1. Categoria da totalidade: tudo está relacionado a tudo, nada existe de forma isolada, tudo de interdetermina.
  2. Categoria da transformação: tudo se transforma continuamente, existe sempre algo novo, pois algo antigo desapareceu.
  3. Categoria da mudança qualitativa: sucessivas pequenas mudanças quantitativas acabam por, somadas, gerar uma grande mudança qualitativa. Na teoria de Marx, isso é a revolução.
  4. Categoria da contradição interna: a contradição existe em todos os fenômenos, em todos os processos. Há, portanto, uma luta entre contrários, luta que move a história.

Crítica à economia política

Vejamos, antes, a palavra economia em sua origem etimológica: oikos: a casa, a família enquanto unidade de produção. Nomos: normas. Oikonomia são, portanto, as normas de administração da propriedade privada chefiada pelo patriarca.

Os gregos criaram a política para separar o espaço privado da economia do espaço público, da polis. Dessa forma, não seria uma contradição falar em "economia política"? É isso que Marx busca mostrar. Apesar das afirmações dos gregos e romanos, jamais, segundo ele, houve separação entre a esfera privada da economia e a esfera pública do poder político.

A política sempre foi a forma como os economicamente poderosos exerciam e exercem sua dominação. A sociedade sempre se separou entre proprietários e não-proprietários, servos e senhores, proletários e capitalistas. Nunca houve divisão de poder entre os proprietários e os não-proprietários.

A economia política surgiu no séc. XIX como uma forma de criticar a riqueza da burguesia advinda do absolutismo. Na época, houve a mudança de liberalismo político para liberalismo econômico. O liberalismo econômico diz que os homens são indivíduos que satisfazem suas necessidades, retirando o que precisam da Natureza, ou trabalhando. Parte da noção de estado de Natureza e Direito natural para construir toda a teoria liberal. Dizem, então, que há uma ordem natural e racional que permite aos homens satisfazerem suas necessidades.

Noções básicas de economia política

Para Marx, entretanto, o Estado é o canal de concretização do poder da classe dominante.

Marx diz: a sociedade é o conjunto das relações sociais que organiza a produção (agricultura, comércio, indústria) e se realiza através das instituições que existem para produzi-las: Igreja, escola, família, Direito, partidos, meios de comunicação, etc. É o espaço da constituição e reprodução das condições materiais da produção, onde se engendram as classes sociais, os proprietários dos meios de produção e não os proprietários que precisam vender sua força de trabalho no mercado, como qualquer mercadoria. Como essas classes são antagônicas, os conflitos expressam seus interesses inconciliáveis; a sociedade se realiza como uma luta de classes.

O Estado para Marx: E quanto ao Estado? Marx também critica a teoria liberal. O Estado atende à vontade geral, dizem os liberais, enquanto Marx critica essa premissa dizendo que o Estado é um instrumento de dominação legal através do ordenamento jurídico. O Estado é a expressão da luta econômica entre as classes que ocorre pela existência de um aparato jurídico e policial. A teoria liberal diz que o Estado é o garantidor da propriedade privada.

Marx defende que o Estado não surge de um contrato social, como dizem os liberais. Ele faz a crítica do liberalismo econômico e do idealismo de Hegel. Hegel constrói uma teoria do Estado sem usar um conceito de estado de Natureza.

O Estado para Hegel e a crítica de Marx: o Estado absorve a sociedade e a família, elimina os interesses particulares, garante a paz, a ordem, a justiça e a moralidade.

O Estado seria a síntese final: a criação mais alta do espírito.

Marx critica tudo isso.

Modo de produção: Marx diz que, na história, o sujeito é o homem. O homem não faz as coisas do jeito que quer, mas de acordo com as condições objetivas que foram deixadas pelas gerações passadas. O homem não tem livre arbítrio, e tem que viver do jeito que dá. A vida material é, por exemplo, o trabalho: é condição especial para que a sociedade possa existir. Defende que o homem é importante, não os instrumentos. O homem, enquanto força de trabalho, é o que Marx chama de forças de produção.

  1. Cooperação: sociedade primitiva
  2. Escravidão: sociedade antiga
  3. Servidão: sociedade feudal
  4. Capitalista: sociedade capitalista.

Há uma unidade entre forças de produção e relações de produção. Essa unidade constitui o que Marx chama de modo de produção.

A unidade comporta contradições, pois as forças produtivas se desenvolvem continuamente, e são elementos revolucionários da produção. Temos que, portanto, as forças de produção mudam com o tempo.

Já as relações de produção, por sua vez, não mudam; continuam, na essência, as mesmas. Ainda são relações de exploração do assalariado.

Há um problema, entretanto, quando, as relações servis começam a atrapalhar a forma industrial de produção. As pequenas mudanças quantitativas, somadas, geram uma mudança qualitativa. É assim que Marx explica a história: como história da criação, ascensão e queda dos modos de produção. Ele ainda diz: “não são as idéias que fazem a história, mas as relações materiais que formam as idéias.”

Conclusão: é o ser social que determina a consciência, e não o contrário...

Materialismo histórico: materialismo porque somos o que as condições materiais nos determinam a ser e a pensar. Isso vai contra o idealismo de Hegel; e histórico porque a sociedade e o Estado não surgem de uma ordem natural ou contrato social, mas da ação concreta do homem no tempo. Ele é também dialético: o progresso histórico é movido por contradições.