Sociologia

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Émile Durkheim e O Suicídio (1897) e Robert K. Merton

Lembre-se: próxima aula terá prova no auditório do bloco 8.

 Tópicos:

Introdução: a obra está ligada à divisão do trabalho. Durkheim acha que a divisão do trabalho é um fato natural dos indivíduos, que deveriam se libertar da tradição e desenvolver sua liberdade e criatividade. Ele chega à conclusão de que o suicídio tem causas sociais.

Tese de Durkheim sobre o suicídio: apesar de ser um ato individual, as causas são sociais.

Durkheim sustenta que, dado determinado momento de uma sociedade, as taxas de suicídio são estáveis, o que mostra que elas variam com a mudança das circunstâncias sociais. O ato individual em si não interessa, mas sim as taxas de variação dele. O sociólogo tenta “tabelar” as taxas de suicídio de acordo com o estado civil dos indivíduos, sexo, presença ou não de filhos na família, religião, idade, entre outros. Chegou à conclusão de que homens se suicidam mais que mulheres, adultos sem filhos mais do que com filhos, casados menos que solteiros, católicos menos que protestantes, velhos mais do que novos.

Tipos de suicídio:

  1. Egoísta: quando o indivíduo se suicida sozinho, sem “convidar ninguém” para se unir a ele. Está correlacionado aos grupos integradores. São os grupos que forçam o indivíduo a pensar em algo mais, algo além dele. Se os laços com o grupo forem afrouxados, aumenta a tendência suicida do indivíduo. Esses grupos integradores são: a família, amigos, igreja; são eles que sustentam as ações dos indivíduos, disciplinam seus desejos, limitam seus impulsos. Quando o indivíduo afrouxa os laços com tais grupos, ele se torna excessivamente individualista. Acaba desistindo da vida.
  2. Altruísta: o indivíduo está tão ligado ao grupo que daria sua vida por ele. Pode ser uma causa política, religiosa ou econômica.
  3. Anômico: característico das sociedades modernas. Correlacionado às fases da economia: pode ocorrer durante crises financeiras, mas também, surpreendentemente, nos momentos de grande prosperidade repentina. Ocorre devido às condições da vida moderna, em que os indivíduos não estão presos à tradição; a competição é constante, a sociedade exige muito do indivíduo e este daquela. Nos momentos de crise, o indivíduo toma consciência da distância entre suas aspirações e a possibilidade de alcançá-las. Surgem as correntes suicidógenas.

Diferenças entre o suicídio egoísta e o anômico: o primeiro é decorrente da condição particular do indivíduo, enquanto o anômico é devido às condições gerais e da posição do indivíduo na sociedade.

Correntes suicidógenas: Durkheim considerava que os aspectos psicológicos eram existentes, mas não essenciais. Acreditava em forças associadas à sociedade, que levava os indivíduos a se suicidarem: são elas as correntes suicidógenas.

Critica a Durkheim: as causas devem ser tanto sociais quanto psicológicas. As pessoas que se suicidam têm alguma predisposição. Do contrário, a crise de 1929 provocaria um massacre.

Durkheim busca entender qual é a variação desses comportamentos individuais causados pela sociedade.

Robert King Merton: teoria social e estrutura social – entre os vários elementos que compõem a estrutura social, dois têm relevância na explicação dos comportamentos divergentes: o primeiro define os objetivos que são colocados culturalmente como legítimos para todos os membros da sociedade. O segundo regula e define os meios institucionalizados para se alcançar tais objetivos.

Anomia: Merton chama de anomia a instabilidade social trazida pela divergência de comportamentos. Os comportamentos divergentes podem ser sociologicamente explicados como sintoma da dissociação entre os objetivos propostos pela cultura e os meios socialmente estruturados para alcançá-los. A atenuação dos meios legítimos leva à instabilidade da sociedade, o que Merton chama de anomia.

Tipos de adaptação dos indivíduos à sociedade, segundo Merton:

Modos de adaptação

Objetivo cultural

Meios institucionalizados

Quem se submete

Conformidade

+

+

Maioria dos indivíduos

Inovação

+

-

Classes mais baixas

Ritualismo

-

+

C. média-baixa

Retraimento

-

-

Média-baixa e média

Rebelião

-/+

-/+

Classe ascendente

A conformidade se manifesta na maioria dos indivíduos da sociedade. Se a maioria não segue as normas, ela não tem como existir.

A inovação se manifesta quando o indivíduo interiorizou o objetivo que deseja alcançar mas não age de acordo com as normas. Está presente em todos os segmentos da sociedade, mas com destaque para os homens de negócios, que estão sob constante pressão para inovar, bem como criminosos. Manifesta-se em maior proporção nas classes mais baixas, pois elas não têm como competir com os prestígios obtidos pelas classes mais abastadas e pelo crime mais organizado.

No ritualismo, o indivíduo abandona o objetivo de enriquecer, mas continua atuando de acordo com as normas. Ocorre quando as pessoas, que seguem as normas, percebem que jamais alcançarão o objetivo de enriquecer. Segundo Merton, este é o comportamento dos burocratas, que estão presos ao regulamento, sem espaço para inovar.

No retraimento, o indivíduo abandona tanto o objetivo quanto as normas. É aquele tipo de indivíduo que está NA sociedade, mas não é DA sociedade. Exemplos: vagabundos, viciados, alcoólatras.

A rebelião é a busca de uma nova estrutura social. Os perpetradores rejeitam o objetivo mas ao mesmo tempo propõem um novo, por isso os sinais de – e +, nesta ordem.

Exemplo brasileiro de anomia: Rio de Janeiro: não se pode andar com segurança pois você pode ser vítima de bala perdida; abrir o vidro para comprar uma garrafa d’água no semáforo é fatal, pois o “vendedor” é na verdade um assaltante; você pára em uma blitz e, em nela chegando, percebe que tratam-se de bandidos fardados... ou seja: há uma falta de estabilidade quanto à estrutura social de lá.