Sociologia

Segunda-feira, 24 de março de 2008

Conclusão sobre o processo de socialização e cultura

Ler o texto 6 para a próxima aula!

Nem tudo que se desenvolve vem de nossa herança genética, muito vem do ambiente. Até mesmo com os animais. Aprendemos das gerações passadas os conhecimentos e experiências, graças ao desenvolvimento de um sistema de símbolos como a linguagem. Os animais vivem o aqui e o agora, mas eles também têm a inteligência. No entanto o Homo sapiens é o único animal que pensa, é a única espécie capaz de dar um significado às suas ações e emoções de forma simbólica; é capaz de planejar e reviver tais emoções e ações. Essas habilidades são o cerne de nossa capacidade, é o que diferencia o homem de outros animais.

O homem foi vivendo em grupos e transmitindo a cultura aos outros. Eles transformam o meio de acordo com suas necessidades. Por isso que encontramos essa grande variedade de maneiras de pensar. A cultura se forma a partir da experiência humana, da forma como o homem resolve seus problemas e os desafios de seu caminho.

Como há características distintas, não existe cultura superior a outra. Ela é agregada quando o homem percebe que a melhor forma de agir é “essa”.

Podemos entender a cultura como repetição, ritualização, derivadas da tradição e do aprendizado; inovação e mudança para enfrentar as novas situações. Assim como a socialização, a formação da cultura é um processo, não um fato, e nunca está concluída.
Imaginava-se que as sociedades ágrafas eram inferiores às que dominavam a escrita. A cultura, no entanto, nada tem a ver com a formação nem estudo de cada indivíduo. A cultura é o conjunto de todas as capacidades adquiridas pelo homem em seu convívio social. Associa-se às técnicas, à arte, à lei, aos costumes, a tudo. Em suma, a cultura é o modo de vida de um povo.

Etimologicamente a palavra cultura veio do alemão kultur, que gerou o vocábulo culture, que depois tornou-se “cultura”. Representa tanto aquilo que é material quanto simbólico.

Cuidado para não confundir cultura com os conceitos de relativismo cultural e etnocentrismo. O primeiro é na verdade uma ideologia que defende que as culturas devem ser valorizadas individual e incondicionalmente, sem nenhuma menção a valores éticos ou morais inerentes a nenhuma delas. O etnocentrismo é a análise das culturas alheias feita por determinado grupo, que usa como base os valores éticos e morais da deles próprios, como se fosse um padrão de referência. Um exemplo vivo são os EUA, que gostam de comparar os valores de outras nações aos deles. No entanto, ainda há uma grande discussão em andamento: relativismo cultural ou desrespeito aos direitos humanos? Vai variar de país pra país: no mundo árabe, é comum o apedrejamento de mulheres adúlteras publicamente, inclusive com alistamento de familiares para participar da execução. O mundo ocidental vê esse costume com repúdio. Esse sobre a preponderância do relativismo cultural ou dos direitos humanos está em debate há anos nas Nações Unidas.

Não se aceita nenhuma forma de DETERMINISMO na formação das culturas.

Séc XIX:
Determinismo biológico: teóricos que afirmavam existir características inatas a certas raças e grupos: criaram-se estereótipos. O conceito de raça não é cientificamente determinado. A raça é uma só, e, quando os antropólogos falam em diferentes “raças”, estão se referindo a características externas.

O que determina a experiência é a capacidade de adaptação do homem. As propriedades anatomicamente inatas não são determinísticas. Por exemplo: nos EUA, o treinamento das mulheres do exército é quase ou tão forte quanto o dos homens, mas o simples fato de serem mulheres não significa, para os americanos, que elas sejam incapazes de participar das forças armadas. As diferenças de comportamento estão ligadas ao aprendizado. Por isso que meninos e meninas se comportam de maneira diferente.

Determinismo geográfico: teorias desenvolvidas por geógrafos que atribuíam ao meio físico a diversidade cultural. O clima seria um fator preponderante no desenvolvimento das culturas, determinando a dinâmica do progresso.

O determinismo, seja ele o biológico ou o geográfico, foi cientificamente refutado como fator de formação das culturas. No entanto, o determinismo, especialmente o geográfico, é valido como explicação para a superior biodiversidade do hemisfério sul em relação ao hemisfério norte: o isolamento geográfico desde centenas de milhões de anos atrás contribuiu para a adaptação e diferenciação das espécies animais ao ambiente em que ficaram pois as terras do sul foram separadas há muito mais tempo do que as do norte. Evidência grosseira desse fato: há ursos em todo o hemisfério norte: na Groenlândia, na Sibéria, no norte do Canadá e no norte da Europa. Já no hemisfério sul só há cangurus na Oceania, e diferentes espécies de primatas apenas da África, que não são encontrados na América do Sul. Por quê?

Outro contra-exemplo em relação ao determinismo como fator de formação cultural é o que ocorre no Vale do Xingu: há cerca de quinze tribos que falam oito diferentes idiomas. No entanto, as características geográficas, como paisagens, clima e vegetação não diferem muito ao longo das margens do rio: pega um pouco do Cerrado e corta a Amazônia paraense verticalmente. Os costumes e até mesmo os hábitos alimentares diferem radicalmente de uma tribo para outra.

O homem não recebe as influências do ambiente passivamente. A cultura age de forma seletiva. Em diferentes culturas, o meio e o tempo podem influenciar inclusive o humor das pessoas. Sobre isso, leia a historinha no final desta página.

Uma frase sobre a cultura: “A grande qualidade da espécie humana foi a de romper suas próprias barreiras: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a Natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominamos os ares, sem guelras ou membranas próprias conquistou os mares, tudo isso porque difere dos outros animais por ser o único que possui CULTURA”. (LARAIA, Roque. Cultura, um Conceito Antropológico)

No inicio do séc. XX, o que influenciou os cientistas foram as teorias deterministas. Os intelectuais brasileiros adotavam, naquela época, o evolucionismo e o positivismo. Evidência da aceitação do determinismo no Brasil: acreditava-se que os ventos alísios eram responsáveis pela estagnação do desenvolvimento. *

Funções da cultura:

  1. Satisfazer as necessidades dos indivíduos;
  2. Normatizar as necessidades, limitando a forma como os indivíduos as satisfazem;
  3. Criar necessidades supérfluas.

O terceiro item pode ser ilustrado em alguns exemplos: necessidade de status, na sociedade capitalista; necessidade de se ter um corpo esquelético, na década de 60; necessidade de ter corpo bem definido, nas décadas de 90 e 2000.

Estereótipos: rótulos de cada cultura. Exemplos: loira burra, baiano preguiçoso, carioca folgado, paulista trabalhador, judeu avarento... ou seja, a generalização para todos os indivíduos do grupo de qualidades de alguns, normalmente negativas. Os estereótipos têm implicações incríveis na sociedade: um empregador pode, inconscientemente, optar por um paulista com a mesma formação de um carioca apenas por acreditar que o paulista trabalha mais.

* Pouco antes de falar o que havia nesse parágrafo sobre determinismo no Brasil, a professora mencionou o termo “pluralidade de identidades”. Não entendi a relação com o conteúdo do parágrafo.

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Pennsylvania - Isto é que é vida

Agosto 12

Hoje me mudei para minha nova casa no estado da Pennsylvania. Que paz! Tudo aqui é tão bonito. As montanhas são tão majestosas. Quase que não posso esperar para vê-las cobertas de neve. Que bom haver deixado para trás o calor, a umidade, o tráfego, a violência, as enchentes, a poluição e aqueles brasileiros mal-educados de São Paulo. Isto sim que é vida!

Outubro 14

Pennsylvania é o lugar mais bonito que já vi em minha vida. As folhas passaram por todos os tons de cor entre o vermelho e o laranja. Que bom ter as quatro estações. Saímos a passear pelos bosques e pela primeira vez vi um cervo. São tão ágeis, tão elegantes, é um dos animais mais vistosos que jamais vi. Isto deve ser o paraíso. Espero que neve logo. Isto sim é que é vida!

Novembro 11

Logo começará a temporada de caça aos cervos. Não posso imaginar como alguém pode matar uma dessas criaturas de Deus. Já chegou o inverno. Espero que neve logo. Isto sim é que é vida!

Dezembro 2

Ontem à noite nevou. Despertei e encontrei tudo coberto de uma camada branca. Parece um cartão postal... uma foto. Saí a tirar a neve dos degraus e a passar a pá na entrada. Rolei nela e logo tive uma batalha de bolas de neve com os vizinhos (eu ganhei) e quando a niveladora de neve passou, tive que voltar a passar a pá. Que bonita a neve. Parecem bolas de algodão espalhadas por todos os lados. Que lugar tão bonito! Pennsylvania sim é que é vida!

Dezembro 12

Ontem à noite voltou a nevar. Que encanto. A niveladora voltou a sujar a entrada, mas bom... que vamos fazer, de todas maneiras. Isto sim é que é vida!

Dezembro 19

Ontem à noite nevou outra vez. Não pude limpar a entrada por completo porque antes que acabasse, já havia passado a niveladora, assim hoje não pude ir ao trabalho. Estou um pouco cansado de passar a pá nessa neve. Droga de niveladora! Mas, que vida!

Dezembro 22

Ontem à noite voltou a cair neve... Tenho as mãos cheias de calos por causa da pá. Creio que a niveladora me vigia desde a esquina e espera que eu acabe de tirar a neve com a pá para passar. Vá pra puta que pariu!

Dezembro 25

Feliz Natal branco, mas branco de verdade, porque está cheio de merda branca. Viado! Se pego o filho da puta que dirige esta niveladora, te juro que o mato. Não entendo porque não usam mais sal nas ruas para que se derreta mais rápido este gelo de merda.

Dezembro 27

Ontem à noite ainda caiu mais dessa merda branca. Já são três dias direto que não saio. Nada mais faço senão passar a pá na neve depois que passa a bosta da niveladora. Não posso ir a lugar algum. O carro está enterrado debaixo de uma montanha de merda branca. O noticiário disse que esta noite vai cair umas 10 polegadas a mais de neve. Não posso acreditar!

Dezembro 28

O idiota do noticiário se equivocou outra vez. Não foram 10 polegadas de neve... caíram 34 polegadas mais dessa merda! Vai tomar no cu! Seguindo assim, a neve não se derreterá nem no verão. Agora resulta que a niveladora quebrou perto daqui e o filho da puta do motorista veio me pedir uma pá. Que descarado ! Disse-lhe que já tinha quebrado 6 pás limpando a merda que ele me havia deixado diariamente. Assim, quebrei a pá na cabeça daquele imbecil. Que bosta. Que saco, Que caralho!

Janeiro 4

Ao fim hoje pude sair de casa. Fui buscar comida e um cervo de merda se meteu diante do carro e o atropelei. Caralho! O conserto do carro vai me sair uns três mil dólares. Estes animais de merda deviam ser envenenados. Oxalá os caçadores tivessem acabado com eles o ano passado. A temporada de caça deveria durar o ano inteiro.

Março 15

Escorreguei no gelo que ainda há nesta puta cidade e quebrei uma perna. Ontem à noite sonhei estar sob uma palmeira.

Maio 3

Quando me tiraram o gesso, levei o carro ao mecânico. Ele disse que o assoalho estava todo enferrujado por baixo por culpa do sal de merda que jogaram na ruas. Será que esses cornos não têm outra forma de derreter o gelo?

Maio 10

Mudei-me outra vez para São Paulo. Isto sim que é vida! Que delicia! Calor, umidade, tráfego, violência, enchente, poluição e falta de educação. A verdade é que qualquer um que imagine morar nessa Pennsylvania de merda tão solitária e fria é um retardado... ou viado, ou deve estar louco! Isto sim é que é vida!!!