Economia Política

sexta-feira, 10 de outubro de 2008


Política econômica – continuação

 

Matéria do Correio Braziliense sobre carga tributária sobre alguns produtos:

Carga tributaria: +- 35%

Ano

Impostos indiretos (bilhões de reais) Demais tributos Arrecadação total Participação % dos impostos indiretos na arrecadação total
2004 302,848 287,703 590,511 51,28
2005 339,702 335,167 674,869 50,34
2006 370,374 375,948 746,322 49,63
2007 414,764 441,764 856,156 48,40

2007 -> PIB R$ 3 400 000 000 000 (3,4 trilhões de reais)

Dólares: 1,6 trilhões.

Bens e serviços Peso dos impostos embutidos %
Adoçante 37,19
Aparelho de barbear 40,71
Arroz/feijão 15,34
Açúcar 30,37
Cachaça 81,87
Cerveja 54,80
Refrigerante 45,80
Caneta esferográfica 47,78
Fralda descartável 54,75
Carne 17,47
Computador 31,00

 

Por que há expectativas da população quanto à reforma tributaria? Especialmente dos impostos indiretos? Já surgiram candidatos à presidência que tiveram como tema principal de campanha a reforma tributária.

Os governos são resistentes quanto à questão. A atual disputa presidencial dos EUA é atípica, provavelmente por causa do atual cenário de crise. Mas quanto aos americanos em condições normais, observamos que o cidadão estadunidense associa, com razão, aos partidos políticos certas posturas em relação aos impostos. A classe alta gosta mais dos republicanos porque estes de menos impostos. Os democratas tendem a cobrar mais impostos por causa dos programas sociais característicos do partido.

CPMF foi invenção de Simão Jatene que viu que a saúde recebia poucas atenção e inventou a cobrança. A intenção era até boa, mas houve desvirtuamento rapidamente. O governo Lula, que usava como mote de campanha a crítica ácida à CPFM, passou a defender a cobrança ao assumir.

A tributação tem influência muito grande na economia. Suponha que o governo decida, de fato, desonerar os produtos, uma desoneração geral. Suponha também que o imposto de cada produto da tabela acima vá a 10%. O preço nas prateleiras baixaria. A resposta dos consumidores seria, obviamente, comprar mais. Isso estimula a demanda, portanto, também a  produção, gerando mais empregos. A renda dos consumidores seria elevada em termos reais: o valor nominal não mudaria, mas o poder de compra sim, logo, com a mesma renda, o consumidor passa a poder comprar mais produtos.
 

Salário nominal (salário corrente) x salário real:

Usado para adquirir alimento, energia, aluguel, vestuário, combustível, etc.

Com a redução dos impostos, o cidadão poderia comprar tudo isso em dobro. Isso significa que o salário real, que é a capacidade de compra do salário nominal, e que se traduz em compra de bem-estar, sofre variações. A renda real disponível se torna maior.

Isso significa que o governo poderia usar a política tributária como parte dos efeitos desejados de influenciar a atividade econômica. Está na alçada do governo reduzir impostos. De vez em quando acontece em alguns estados, por exemplo no ICMS. A finalidade é principalmente estimular a atividade da produção econômica de alguns setores, geralmente com interesses políticos e promessas celebradas com representantes de tais setores. Pensando não só no consumidor, mas na atividade como um todo. Se a empresa paga menos ICMS, ela de fato vai produzir melhor.

Tem também um exemplo concreto sobre a produção de carros populares em SP: o governo estadual resolveu diminuir a alíquota do ICMS, fazendo com que a produção aumentasse, e o imposto, apesar de com alíquota menor, incidiria sobre um volume maior de mercadorias e serviços, o que preveniu desempregos e manteve feliz o sindicato dos metalúrgicos.

A política fiscal está no terreno dos gastos públicos (tributação): instrumentos para o crescimento da produção, do emprego, portanto da economia como um todo.