Economia Política

sextta-feira, 12 de setembro de 2008

Tentem fazer o exercício.
Terça haverá aula de revisão

 

Quadro resumo sobre essa temática: o mercado

Estamos partindo da idéia de que vemos os comportamentos demandantes, e os indivíduos como consumidores têm pouco poder sobre o mercado, então por isso surgem grupos de consumidores, mas em geral as anomalias de mercado são vistas mais pelo lado da produção.

Por exemplo: a idéia toda é que o ideal de funcionamento do mercado seja aquele mercado em que não há empresa ou produtor isolado que tenha poder sobre o mercado. Deve haver a concorrência perfeita, que comanda o mercado. Uma das virtudes da concorrência é exatamente o estabelecimento de certos limites e evitar, de forma natural, que fossem cometidos quaisquer atos que prejudicam o fluir do mercado. Não é sempre esse o caso. O produtor isolado não deve ter poder algum. Qualquer ação isolada dele seria prontamente combatida pelos semelhantes do mercado.

Se existisse uma concorrência perfeita no mercado, isso faria com que ele, ao aumentar o preço, deixe de vender porque os consumidores passarão a comprar de outros. Isso fará com que ele reveja essa decisão. A concorrência estimulará que ele “ande na linha”. Nem sempre isso é o que de fato ocorre. Há partes na sociedade em que o mercado não é igual.  Tem diferentes formas de organização do mercado.

Para facilitar o estudo dessa matéria, apesar de ser teórica, há alguns exemplos que se aproximam, ainda que não seja a realidade fiel. Vejamos alguns casos de cenários de mercado:

 

A concorrência perfeita

O que a caracteriza? As outras formas de mercado nós analisaremos como desvio da concorrência perfeita. Depois veremos o monopólio e o oligopólio, que são outras estruturas de mercado que se afastam da concorrência perfeita. A concorrência perfeita seria o funcionamento ideal. 

Como a concorrência perfeita poderia ser caracterizada?  Vamos fazer uma lista que dará as principais características que um mercado perfeitamente concorrencial deveria ter. Isso deve ter a ver com o número de empresas que participam do mercado.

Concorrência Perfeita
número de empresas que constitui esse mercado Muito grande - qualquer decisão isolada será dificilmente bem sucedida. Sempre haverá perda para ele se resolver bancar o engraçadinho.
A existência de muitos produtores faz com que um produto tenha um preço pouco variável. Isso leva à questão do produto:
quanto ao produto homogêneos: o produto não consegue ser diferenciado, saber se foi fabricado pela empresa a, b, c ou d. Sem diferença.
controle que a empresa tem sobre o preço nenhum
concorrência extra-preço é aquele tipo de concorrência que não leva só em conta o preço. Tipo: propaganda. A concorrência extra-preço não é possível e nem é eficaz.
liberdade de entrada e saída desde que a empresa cumpra as exigências legais, então não há problemas.

Exemplo: a atividade em Brasília das panificadoras. Elas são unidades produtivas, que fazem o pão, e estão em número muito grande. No geral, as panificadoras são muito semelhantes. Supõe-se, em Brasília, que cada quadra tenha pelo menos uma. O produto (pão) é caracteristicamente homogêneo. Não há controle sobre o preço do pão. Entretanto nada impede que o dono da padaria suba o preço.

A concorrência extra-preço não é nem identificável. Raramente vemos propagandas de panificadoras.  Até porque elas sabem que a área de influência delas é muito restrita. Então, cria-se uma comunidade que compra delas, então a propaganda não pode atingir alguém que mora longe.

E não há barreiras. Desde que se cumpra a exigência do alvará, licenciamento, qual é o problema de surgir uma panificadora?

Rede de farmácias: a farmácia como tal poderia pertencer mais ou menos. Entretanto ela é um mero distribuidor de produtos fabricados pelos laboratórios. É uma casa comercial que intermedia, exceto as de manipulação. Se fossem individuais, então poderiam entrar na descrição. O preço vem dado pelo laboratório. Infelizmente há as redes de farmácias, então o conjunto delas se torna um oligopólio.

 

Monopólio

Vamos agora ver o outro extremo, para então ver o meio-termo: é uma estrutura de mercado que também não existe na forma pura:

O monopólio é uma atividade, uma forma de estrutura de organização do mercado, que existia no passado, mas hoje felizmente não existe mais na forma perfeita. A indústria é a própria empresa. Então, voltemos à tabela:

* pode ser que haja monopólios temporários. O que favoreceria o surgimento de um monopólio? Entre outras coisas, a patente. O inventor tem o direito de explorar a invenção. No momento que a patente é concedida, ela passa a ser propriedade exclusiva de quem o registrou. Ela tem um tempo de vida. Por isso é temporário. Exemplo: Microsoft e seu Windows.

Google também está consumindo uma posição quase que monopólica no mercado de buscas na Internet.

Brahma + Antarctica: o CADE foi chamado para analisar a fusão.

Monopólio
número de empresas que constitui esse mercado Só há uma empresa, que tem o poder total. Exemplo: caneta esferográfica. A patente tinha um tempo de vida nos momentos logo após sua invenção.
quanto ao produto Não há substitutos próximos.
controle que a empresa tem sobre o preço Grande poder sobre os preços, exceto quando o governo impõe restrições.
concorrência extra-preço Não existe concorrência extra-preço. A empresa apenas procura preservar sua imagem.
liberdade de entrada e saída Há barreiras à entrada de novos produtos semelhantes, principalmente por causa das patentes exploradas pelos monopolistas.

 

Exemplo: Coca-cola. Era monopólica. Então veio a Pepsi, depois que esgotou o tempo de vida da patente do refrigerante de cola. Quando a Coca abre uma fábrica em qualquer lugar do mundo, o xarope de coca, que é o preparado original, já vem pronto do bunker da Coca, cuja fórmula é um segredo mais forte do que o de muitos Estados. O que a favoreceu foi a reserva de mercado e a proteção anti-espionagem.

Mas existe uma coisa, que vamos comentar agora que é monopólio e é realista. Está presente nas nossas vidas: é o abastecimento de água. Brasília só tem uma indústria que trata da água: é a CAESB. Cada cidade brasileira tem só uma. É o monopólio natural. Em geral estão ligados a empresas que produzem um produto muito importante para a sociedade e não há interesse da iniciativa privada porque não é rentável.  Isso foi feito aos poucos. Então, são feitas concessões de espaços. O investimento requerido para isso é muito alto. O retorno é muito lento e longo. A empresa privada teria que colocar muito dinheiro e esperar muitos anos.  O governo não tem problemas com isso, primeiro porque ele tem uma constante e anual entrada de receita e também porque ele, em geral, consegue arcar com o prejuízo sem falir.  O mesmo para a BR Distribuidora.  Tem monopólio, mas não na atividade comercial usual.

 

O oligopólio

Está entre os dois extremos: a concorrência perfeita e o monopólio.

Oligopólio
Número de empresas relativamente pequeno
quanto ao produto homogêneos ou diferenciados.
controle que a empresa tem sobre o preço as empresas, no caso, podem controlar o preço com cartéis, limites de produção, ou seja, ele é relativamente alto. Em resumo, há interdependência entre as empresas, o que dificulta o controle, mas não impede a formação de cartéis. Exemplo dessa situação: Apenas a GM tem o carro Vectra. É um carro único, tido como bom, mas mesmo assim a Chevrolet não pode aumentar muito seu preço, pois há concorrentes com carros tão bons quanto ou até possivelmente melhores. Gasolina no DF: produto supostamente homogêneo, a gasolina é a mesma, não obstante há esporádicas reduções no preço (que estranhamente são imitadas imediatamente pelos postos vizinhos).
concorrência extra-preço intensa, sobretudo quando há diferenciação dos produtos.
liberdade de entrada e saída O ingresso na indústria naquele setor de atividades do mercado é complicado. Primeiro pelas empresas que já estão no setor, como também pela questão de custos. Gurgel: engenheiro que criou o carro de mesmo nome. Inicialmente ele vendia pouco porque produzia pouco, e era relativamente bom. Quando resolveu expandir o negócio, a fábrica foi vitima dos preços menores da concorrência, que eram menores por causa dos recursos produtivos das grandes montadoras, e acabou falida. Troller: caso semelhante. Quando começou a apresentar sinais de sucesso, foi comprada pela Ford.

 

E, finalmente, uma outra parte do mercado, dedicado às mulheres. É a indústria de cosméticos, que se encaixa numa descrição única, diferente de todas as demais. É a...

 

Concorrência monopolista

Concorrência monopolista
Número de empresas Grande
quanto ao produto Diferenciado
controle que a empresa tem sobre o preço Pouca margem de controle para cada um, devido à existência de substitutos próximos.
concorrência extra-preço intensa. Recai sobre as virtudes do produto ou sobre as diferenças de embalagens e serviços complementares.
liberdade de entrada e saída Não há barreiras praticamente.

Da pra ver que é um mercado diferente dos outros. São os cosmeticos. Ela é tipicamente regida e organizada por causa desse tipo. Principalmente sabonetes e shampoos. Olhe o esforço para diferenciar. “Seda Ceramidas” e vários efeitos visuais com “moléculas da substância ultra-secreta” incidindo sobre o cabelo de uma maravilhosa mulher.

Por que chama-se concorrência monopolista? Os donos da Natura fabricam um produto que eles têm convicção de que é único no mercado. E acham que os consumidores, ao descobrir seus produtos, tornar-se-ão fiéis. Os executivos da Natura se comportam como monopolistas, embora eles estejam concorrendo com muitos produtos bem similares. Por isso que é chamado de concorrência monopolista. Esse termo paradoxal foi inventado por um economista americano que notou, nos EUA, que alguns setores industriais, que não eram de concorrência perfeita nem de monopólio nem oligopólio, ficavam em uma situação de não-explicação. Então, ele passou a estudar e formulou todo uma teoria nova.

 

O mundo real está predominantemente na descrição dos dois últimos.


Aula que vem: dúvidas e revisão.