Economia Política

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sistemas econômicos


Conceito de sistema econômico: é a forma pela qual a sociedade está organizada politicamente, socialmente, e economicamente.

Particularmente é um sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.

Elementos que compõem o sistema econômico

  1. Elemento básico que está contido no sistema econômico: estoque de recursos produtivos disponíveis ou fatores de produção. Esse é um elemento básico do sistema econômico. A quantidade disponível dele.
  2. Segundo componente: as condições de produzir, ou seja, o conjunto das unidades de produção ou empresas. E aí temos outra coisa que paira sobre essas bases: temos que normatizar esse uso. É o conjunto de instituições que regem esse sistema. As instituições são: políticas, jurídicas, econômicas, sociais. São criadas; são a necessidade para poder gerenciar da maneira melhor possível o estoque de recursos produtivos, estabelecendo normas nas empresas para o uso desses recursos e então temos a idéia de como a sociedade se organiza.

É um conceito amplo, mas dá pra ter uma idéia.

Sistemas econômicos que já existiram ou existem no mundo:

  1. Capitalista ou economia de mercado.
  2. Sistema socialista. Professor diz que o socialismo é uma fase superior ao comunismo. Também chamado de economia centralizada.

 

O capitalismo

Vamos discutir a economia de mercado.

Vamos imaginar uma cidade do tamanho de São Paulo. Grande, uma megalópole. Se você parar para refletir, São Paulo é diariamente abastecida por frutas e legumes de forma tranqüila. São bens que têm uma duração muito pequena. Não obstante, não há falta de frutas e verduras no mercado de São Paulo. Como é o sistema de organização do abastecimento dessa cidade? A pergunta que podemos fazer é: será que há algum funcionário da prefeitura de São Paulo que é o homem que rege todo esse sistema, o homem de quem tudo depende? Não mesmo. É uma coisa natural, de organização da economia de mercado. É óbvio que há alguns centros que são para onde fluem os produtos rurais. O produtor traz a produção e coloca à venda em seu estabelecimento comercial. Essa mecânica flui de uma maneira perfeita. Todos os dias, sem falhas. Tanto que, se não funcionasse, veríamos no jornal: São Paulo com crise de abastecimento!

Se alguém resolver criar a figura de um diretor de abastecimento, o jogo mela por completo. Isso iria estabelecer certas coisas que poderiam ir de encontro à pratica que as pessoas tem de fazer suas atividades.

Fundamento da economia de mercado

E a livre iniciativa. É o que nos podemos chamar de sistemas de livre iniciativa ou de livres empreendimentos. Duas coisas que estão por trás disso são que a propriedade dos recursos produtivos, ou seja, dos meios de produção é privada. Pertence a indivíduos. O mercado é o centro de coordenação do processo econômico. Por exemplo: é o mercado que dita certas coisas para a sociedade. Na impede o empresário, dentro da livre iniciativa, que empregue recursos para fazer sua fantástica camisa pólo com apenas uma manga. Vai depender do mercado se ele terá sucesso nas vendas.

Características da economia de mercado

Há umas características muito interessantes na economia de mercado. Por exemplo, a preponderância: ela é do interesse individual. Ou seja, a idéia de que o homem enquanto agente econômico, ou homem econômico, como alguns autores chamam, está sempre procurando o melhor pra si. Qualquer pessoa está continuamente em busca do melhor.  No fundo, os atores discutem que o indivíduo e o individual são peças fundamentais da economia de mercado. Não se descarta a solidariedade, o trabalho em equipe, do ponto de vista coletivo. Mas, o indivíduo, dentro da natureza humana, está antes sozinho do que dentro de uma coletividade. Alguns mostram que o indivíduo se insere no coletivo depois que já está com sua situação individual estabilizada. O pequeno empresário, por exemplo: ele só buscará associações com outros empresários depois que estiver numa situação relativamente estável.

O livre empreendimento está aberto a qualquer um. A segunda peça fundamental é a concorrência. A concorrência existe porque é livre a participação de qualquer um. Ela, por si só, limita os eventuais exageros que o interesse privado possa levar os indivíduos a cometer. Tanto quem produz é livre para competir, assim como o que consome vai procurar o melhor bem e serviço. Se um indivíduo tem uma atividade empresarial, na qual tem, obviamente, interesse privado, ele terá limites. Sempre poderá ter alguém do lado concorrendo com ele, tanto que, se relaxar na atividade, então perderá espaço. Então ele está limitado.

 

Princípios da economia de mercado

Eles dão um direcionamento melhor para a compreensão do fenômeno do capitalismo.

  1. Racionalidade do ser humano (homem econômico): isso quer dizer que, seja empresário ou o que for, o indivíduo procura a obtenção do máximo para si. Se observarmos o consumidor do mercado, o que ele faz? Ele tem uma renda, e a usará para algo. Sendo racional, ele empregará sua renda da forma mais racional possível. Terapia do cartão de crédito: irracionalidade. O homem deve, portanto, entrar em algum empreendimento que venha a lhe dar algum retorno.
  2. Individualismo: é o que o professor comentou antes: o individualismo, mas visto como as virtudesdo individualismo (nada relacionado a egoísmo). De certo ponto de vista, os indivíduos comportam-se de maneira individual. Individualmente, ele é muito egoísta. Isso parece bem óbvio. O que acontece? Quando o sujeito está em busca da satisfação individual, essa busca acaba beneficiando o coletivo. O interesse individual leva à realização do interesse coletivo. Exemplo de situação: sou empresário racional. Quero produzir o melhor produto. Com isso, mando uma mensagem aos concorrentes de que eles terão que correr também. Isso é bom para a coletividade. Olhando pelo ponto de vista do consumidor, que procura adquirir as melhores coisas, então ele será exigente. O produtor terá que melhorar. Esse espírito exigente também acaba sendo bom para os outros consumidores.
  3. Princípio hedonista: o ser humano é intrinsecamente individualista e procura o melhor possível, sem pensar nos outros. 
  4. Automatismo das forças de mercado: eu, como trabalhador, tenho a liberdade de ceder a minha força de trabalho para onde eu desejar. Se eu tenho certo conhecimento ou especialização, eu posso escolher, com certos limites, para qual empresa trabalhar. Em outras palavras, como trabalhador eu tenho a liberdade de vender a minha força de trabalho. Como consumidor, eu posso decidir em que tipo de produção eu quero gastar a minha renda. Eu também tenho liberdade total, como produtor, para empregar meu recurso primeiro na atividade que eu quiser ou então naquela que me trouxer o melhor retorno. Se houver falta de produtos, então o mercado se ajusta e o preço sobre. Mas isso estimula outros a oferecerem-no, e ai corrige-se a falta de oferta. Mercados em desequilíbrio são corrigidos ou ajustados pelos preços.
  5. Ajuste pela concorrência: ao lado de os mercados terem força automática, a concorrência sempre deve estar presente. A concorrência é uma força natural de proteção dos vícios privados. Um empresário pode tentar, dentro de sua concepção individualista, extrair o Maximo que puder. Porém, a concorrência não vai deixar ele abusar tanto. O mau empresário acaba sendo expulso do mercado.

 

Vimos os princípios da economia de mercado. Mas, como vemos trabalhando desde as primeiras aulas, nós analisamos o fenômeno do capitalismo usando do método abstrato, ou seja, consideramos apenas as variáveis que julgamos mais relevantes. O sistema capitalista, como acaba de ser explicado, está exposto de uma maneira ideal, parecida com a que foi teorizada por Adam Smith: a economia flui sem interferências. Algumas coisas, entretanto, foram deixadas de fora. Quando pensamos nos princípios, vemos que já certos traços dominantes na economia de mercado:

Neoliberalismo:  a volta das idéias liberais como forma de produzir. Os liberais de hoje buscam restaurar os valores que tornam o mercado mais eficiente.
 

Imperfeições da economia de mercado

  1. O surgimento de estruturas efetivas de concorrência afastadas da concorrência perfeita;
  2. Externalidades negativas;
  3. Instabilidade conjuntural;
  4. Ineficiências distributivas;
  5. Incapacidade para produzir bens públicos e semi-públicos na escala requerida pela sociedade;
  6. Ineficácia na alocação de recursos.