Exercício sobre balanço de pagamentos e introdução ao câmbio
Pagamentos feitos pelo país, em milhões de dólares ¹:
Pagamentos de fretes |
-50 |
Empréstimos obtidos junto ao FMI |
+30 |
Recebimento de doações |
+10 |
Pagamento de juros da dívida externa |
-20 |
Importações |
-400 |
Ingresso de equipamentos para firmas estrangeiras |
-10 |
Exportações |
+500 |
Amortizações da dívida externa |
-30 |
Remessa de lucros de companhias estrangeiras |
-30 |
Seguros pagos ao exterior |
-15 |
Pagamentos de assistência técnica e royalties |
-12 |
A idéia toda é montar o balanço de pagamentos a partir de uma série de transações.
Vamos supor que o Brasil, através de seus diferentes órgãos, sabe que esses montantes têm tais valores e precisa organizá-los. Precisamos refletir um pouco e extrair daí alguns dados importantes para a economia. Vamos organizar, então, o balanço de pagamentos do país. O balanço de pagamentos, como vimos, se constitui de um registro de tudo aquilo que são as transações entre residentes e não residentes de um país no período de um ano.
A primeira coisa é tomar em conta a chamada conta de transações correntes (A). Ela reúne três subcontas:
A1 - balança comercial - refere-se exclusivamente à movimentação de bens e mercadorias entre os locais e os estrangeiros = exportações e importações.
Logo,
O total é o saldo da balança comercial, que no caso é positivo. Mostra que
tivemos um resultado favorável em nossa balança de comércio nesse ano. Se o
saldo fosse negativo, teríamos um déficit, significando que saiu dinheiro
liquidamente do país, com o volume de importações batendo o de exportações.
A2 - balança de serviços - procura registrar compra e venda de serviços. Devemos ver, na lista, quais das transações constituem serviços.
Poderia haver mais transações que entrariam aqui, como o pagamento de salários e outros. Esta conta é completamente deficitária.
Fechando a conta de transações correntes A, temos a subconta A3 - o terceiro tipo de transações correntes: as transferências unilaterais, que são aquelas sem contrapartida.
Podemos, agora, falar do saldo de transações correntes (STC). É a soma do saldo da balança comercial com o saldo da balança de serviços com as transferências unilaterais. STC = SBC + SBS + TU = 100 - 107 + 10 = 3.
Isso significa que nas transações correntes o Brasil tem um saldo positivo de transações correntes, mesmo que tenha tido um grande gasto com serviços.
Vamos, agora, fazer a conta B: a conta de movimento de capitais.
E, finalmente, os erros e omissões, se existissem; eles constituiriam a conta C.
Então, fazemos a conta de
resultado, que é o saldo do balanço de
pagamentos, chamado SBP.
SBP = STC + SMK + EO = 3 + 20 + 0 = 23 milhões de dólares.
Significa dizer que, nas contas daquele ano, o país foi superavitário em 23 milhões de dólares.
Esse resultado positivo não significa que o país teve sucesso em suas transações. Observe que parte desse superávit foi devido aos empréstimos. A despeito de termos tido um SBP positivo, isso foi conseguido se endividando. Um SBP maior que zero significa que entra dinheiro líquido no Brasil, aumentando as reservas, e isso é bom porque esta é justamente a vitrine da credibilidade do país, o que faz reduzir o risco-Brasil.
O analista começa de posse desses dados, a ter uma visão mais clara de como anda o cenário econômico brasileiro. Então lançam-se políticas para remediar cada setor que estiver apertado.
Uma outra coisa que já vimos e diz respeito a isso e é importante para as transações é o que ouvimos no noticiário quase todos os dias. É a questão do câmbio.
O câmbio é uma preocupação
constante, tanto é que, diariamente, lança-se em destaque “a quanto fecha” o dólar,
qual foi sua variação, se subiu, se caiu, e temos que entender um pouco isso. Isso
está muito ligado às relações internacionais. Vamos, então, ao conceito de...
É a relação entre o valor do dólar e do Real. Aprendemos até por osmose esse conceito popular. Mas a definição é o preço, em moeda local ou doméstica, da moeda estrangeira.
Seja a relação de R$ 2,10 / US$ 1,00. Quando ouvimos "o câmbio está 2,10" estamos falando exatamente dessa relação.
No caso, como que sempre as moedas são cotadas? Em relação ao dólar, pois ele é a moeda internacional. Mas por que se usa o dólar? É porque, no mundo moderno, nas relações econômicas internacionais, com o aumento do fluxo de comércio, se nos tomássemos como referência a época do Brasil colonial, vemos que o comércio internacional era muito restrito. Era, primeiramente, uma aventura ultramarina, movida pelo vento, e segundo o próprio limite de transporte físico. Havia o risco de tempestades, naufrágios, doenças, etc. Havia um fluxo de comércio entre colônias e metrópoles. A grande revolução do comércio internacional se deu no final do século XIX e começo do século XX, quando as grandes invenções levaram à revolução dos meios de transporte. Tudo começa com a maquina a vapor, no momento em que foi possível deixar de depender dos humores da Natureza para navegar. Também quando o homem começou a descobrir algumas novas propriedades do metal, que ele não necessariamente afunda, isso foi visto como algo fantástico, e deu chance aos homens de construírem navios maiores, juntando-se essas duas invenções.
Obviamente, o comércio, na história das moedas, teve um protagonismo da Libra Esterlina e, depois da segunda guerra mundial, do dólar. Por quê? Porque status de uma moeda está muito atrelado à potencia do país no cenário internacional. Os produtos desse país começam a ser desejados. Eles procuram obter a moeda do país em questão para facilitar a própria compra. Assim aconteceu com a Inglaterra e depois com os EUA.
Hoje os EUA continuam sendo a grande potência, então o dólar continua sendo a principal moeda. É em geral a forma preferida das nações. As nações começam a comercializar em dólar. Assim é o comércio entre Brasil e Japão, por exemplo. Digamos que o Brasil importa alguns produtos de lá. O brasileiro não pode pagar em Reais, que não tem importância lá.