Filosofia do Direito

quinta-feira, 1º de abril de 2011

São Tomás de Aquino


Vamos começar, nesta belíssima manhã de sexta-feira, uma conversa sobre São Tomás de Aquino. Precisamos começar por um ponto relevante, que é a origem social de Tomás (1225 – 1274), reiterando uma prática de que o lugar social determina o conteúdo das obras e do pensamento de um homem.

É preciso dizer que São Tomás de Aquino era italiano, do sul, da região da Sicília, mais precisamente de Nápoles. Era vinculado às nobrezas italiana e alemã. Era simultaneamente sobrinho Conde D’Aquino, que reinava no Sul da Itália, e de Frederico Barbarroxa, imperador da Alemanha. Tomás depois se revelou importante para a nobreza ítalo-germânica.

Ali os gregos criaram colônias; a região era a chamada Magna Grécia. A própria cidade de Nápoles era consequente de uma colônia grega, perto de Pompeia, cidade destruída por uma erupção do Etna. Nápoles significa “a nova cidade”. Era uma cidade portuária e próspera.

Naquela região, Tomás de Aquino, que depois viria a ser canonizado, viveu e produziu sua obra. A época era por volta do ano 1200. Produziu uma grande obra intelectual, religiosa e política. A família de Tomás vivia numa ambiguidade política muito grande, entre a Igreja e o Império, com reis tentando laicizar todos os poderes, a exemplo de Frederico Barbarroxa, buscando voltar aos poderes civis e temporais, ao passo que o papado significa a retenção, pela Igreja, de todos os poderes: temporais, civis e espirituais. O Papa representa a tentativa de consumação daquele projeto agostiniano, de unificação de todos os poderes para que fiquem sob a regência espiritual, já que o papa representava o vínculo de Deus com a Terra. De 800 a 1300 a Igreja buscará consolidar esse projeto e, em nome dele, realizará doze Cruzadas, investidas de guerra e conquista econômica e política sobre territórios do Oriente para tentar universalizar os seus poderes e estancar uma fonte de poder de império, nascida no início do século VII, chamada Islamismo, criada por um homem chamado Maomé, uma religião também universal, acrescida ao Judaísmo e ao Cristianismo, que reconhece Cristo não como filho de Deus, mas profeta, e pregando que Maomé é o último profeta, o último enviado do Senhor. A regra central do Islamismo é que só Deus é Deus, e Maomé é seu profeta. Tira-se a divindade de Cristo, e prega Maomé como detentor da verdadeira mensagem de Deus.

O islamismo nasceu em expansão, tal como está até hoje. Expandiu-se da Ásia para a África, e da África para a Europa. Os árabes, posteriormente, desembarcariam na Península Ibérica, onde passarão sete séculos. No Ocidente, portanto, se formou uma região religiosamente tríplice, portanto muito conflituosa. É nesse contexto que Tomás de Aquino viveu e nele que sua família tentou levar adiante seu projeto de poder familiar.

Os Aquino tinham poder econômico na Itália e na Alemanha, com poder político mais real na Alemanha do que na Itália, onde também tinham poderes, religiosos e políticos; prova disso é que Conde D’Aquino terá um reinado. Era um poder instável, pois dependia da chancela do papado. Na Itália o poder da família São Tomás de Aquino tinha vínculo profundo com a Igreja, enquanto na Alemanha tinha vínculos estreitos com os poderes laicos e civis. E, às vezes, quando o império preponderava, a família desaquecia sua relação com a Igreja; quando o Papa preponderava, eles desaqueciam sua relação com o império. Viviam na penduralidade, ora com a Igreja, ora com o império.

Essa é a circunstância política das famílias italiana e alemã que, conjugando interesses, resolveram que a melhor estratégia possível era a unificação em torno de um projeto comum. Queriam um papa da família. Buscaram que Tomás fosse. Ele foi educado para ser papa.

Como Tomás reagiu a esse projeto? Foi desde o início dos anos educado por um tio bispo, que tinha poder econômico e político em Nápoles, porque detinha uma das mais rentáveis prelazias; era reitor e bispo de Nápoles, detinha também privilégios na terra, acumulando grandes rendas em razão das terras da Igreja. Este tio foi o responsável pela educação de Tomás de Aquino. Conferiu-lhe a melhor educação possível naquele tempo e naquela região do mundo. Com essa educação principesca que alimentava esse projeto de poder de papa, ele viveu seus tempos e a mudança de circunstâncias de sua vida, na adolescência, se deu numa manhã de sol (como a desta aula!) que cedo acabou suas lições no Seminário de Nápoles, e o tio lhe ordenou que retornasse ao Castelo de Rocaseca, na cidade, que era o principal castelo da família de Aquino em Nápoles.

Mas Tomás de Aquino, que era do tipo grandalhão e corpulento, com a cabeça na lua, em vez de seguir o conselho do tio, estimulado por essa manhã napolitana de sol, resolveu passear pela cidade e encontrou um burburinho de gente muito grande em certa praça, perto do porto. Foi verificar o que estava acontecendo ali. Quando se cerca dessa gente, descobre vários jovens realizando uma fulgurante pregação religiosa, que depois foram identificados como membros da Ordem dos Pregadores, nômades religiosos despreocupados com o dia de amanhã. Viviam atrás da pregação da fé do Deus vivo.

Era a tradição do monarquismo, a fé dos desertos, que resolveu que a fé era mística e contemplativa, de que se deveria viver nos desertos, aguçando o contato do homem com Deus.

Essa fé deserta tem em Santo Antão (Antão do Deserto, 251 – 356 d.C) seu símbolo maior. Criou um mosteiro no deserto. Reclusão para a fé, para que seja ela presente na vida. Os pregadores diziam que a Igreja não precisa ser do mundo, mas estar no mundo, que é enfrentar todos os percalços da vida. É uma visão solidária, envolvente da fé; esse grupo quer praticar a fé com um nível de compromisso social maior. Tomás de Aquino ouve esses frades e se deixa envolver por essa ideia de que deve abandonar seu projeto familiar e que deve abraçar a causa desses andarilhos de Deus. E volta para casa, para o Castelo de Rocaseca, e avisa à família que, a partir de então, esse é seu projeto. Todos pensaram que fosse brincadeira daquele que se tornaria grande pensador. Não era. Tomás acompanhou os frades pregadores.

Sua mãe, desesperada, foi atrás e contatou todos para que ajudassem a resgatar aquele que serviria para que a família alcançasse o poder religioso institucional. Um dia Tomás foi preso por um nobre, que avisou a família, e ele foi trazido de volta. Ficou um ano de castigo dentro do Castelo para que fosse mentalmente higienizado. Quando aparentou haver desaquecido dessa ideia “maluca” a que tinha aderido, sua família o soltou e o enviou a Roma, onde prosseguiu o processo de aprendizado, até que, de lá, foi transferido para o Seminário Dominicano em Paris. Os dominicanos nasceram como uma ordem militar da Igreja Católica, e essa ordem militar significa literalmente cani-domini, cão ou matilha + senhor, ordem da matilha de Deus, o braço armado da Igreja nascido para reprimir as ordens heréticas que não se rendiam ao magistério central do papa. Fundada por um bispo espanhol, chamado São Domingos de Gusmão (1170 – 1221), essa ordem cumpriu o papel defensor da Igreja e deu banho de sangue em várias ordens religiosas consideradas heréticas, que estavam ligadas ao código primitivo do Cristianismo, defendendo a posse comum das coisas, no suposto de que o Cristianismo Primitivo tinha um fundo de comunismo agrário, uma dimensão comunitarista e solidarista do Cristianismo. Essa interpretação levou à fundação de ordens religiosas que pervagavam o parcelamento da terra e da posse comum das coisas, para que tudo fosse de todos. Estes eram considerados hereges porque a Igreja de Roma, quando fizera a aliança com o Estado, fizera uma daqueles renúncias: abriria mão da ideia de posse comum das coisas, enquanto o Império Romano abriria mão da diferenciação entre seres humanos e adotaria um Direito Universal. Portanto ficou adotada, pela Igreja de Roma, a legitimação da propriedade privada. Foram obras consideradas subversivas, heréticas para Igreja institucional. Entre essas ordens encontram-se os chamados carpocratas, que cresceram de maneira desmensurada. Constituíram nova Igreja fundada nos princípios do Cristianismo Primitivo.

Cumprida essa ordem, os dominicanos resolveram que não poderiam ficar na história como sanguinários. Transformaram-se de ordem militar em ordem educacional. Assim, educaram, a partir de então, os maiores intelectuais da Igreja. Vários deles surgiram daqui, a partir dessa transição de ordem militar para ordem intelectual.

Fundaram o Seminário, fundaram Universidades, que nasceriam sob a tutela da Igreja, como as de Pádua, Bolonha, Nápoles, Paris, Oxford, Salamanca, todas criadas pela Igreja. Aqui elas terão o papel crucial dos interesses da Igreja do ponto de vista institucional.

Foi, portanto, Tomás de Aquino para o Seminário Dominicano de Paris, e lá ele viveria um momento decisivo de sua vida. Foi onde encontrou Alberto Magno, que era reitor do Seminário e catedrático da Universidade de Paris. Era professor de Lógica, Filosofia, Teologia, grande intelectual e mestre, considerado então, o maior intelectual de todos os tempos. Por isso o nome Alberto, o maior. Era o acréscimo que a Universidade de Paris lhe conferia. Os estudantes estavam, sobretudo, nas cidades universitárias, onde houvesse maior “auê”, um atrativo maior, uma razão maior para cultivar uma vida líbero-boêmia. Alberto foi um sucesso absoluto. Chegou até a criar um problema para a Universidade de Paris, pois não havia espaço. Suas lições tiveram que ser ministradas em praça pública.

Esse grande mestre, reitor do seminário, logo percebeu o talento de Tomás de Aquino, escondido atrás daquele silêncio, das provocações que recebia, já que o Filósofo que se tornaria Santo era objeto de todo tipo de bullying; era empurrado, provocado, espancado, apelidado, posto na roda para ser objeto de todo tipo de chacota, como se fosse um autista fechado em seu mundo. Um dia Alberto Magno presenciou o assédio e censurou os agressores, gritando do alto do mosteiro. Este era o mestre de Aquino, que depois o levou à Universidade para estudar Teologia. Ali, como estudante de Teologia, Tomás de Aquino, sobre a tutela de Alberto Magno, se notabilizou e chegou à posição de Doutor em Cânones, doutorado na Universidade de Paris. Isso tudo depois de brigar com estudantes, porque havia torneios intelectuais, realizados de mês a mês em cada uma das Universidades; os representantes delas competiam entre si, as torcidas se organizavam, havia corpo de jurados, e a torcida aplaudia e vaiava as questões propostas. Os estudantes tinham que desenvolver, de improviso, teses para essas perguntas propostas. Essas teses eram proferidas em alto e bom som para que pudessem ser objeto de concordância e discordância das torcidas e então ser objeto do julgamento final pelo corpo de jurados. Havia um processo de exclusão, até que restassem somente dois contendores, até que um se sagrasse campeão, nesse Big Brother muito melhor do que o de hoje.

Isso notabilizava o estudante que participava e ganhava esses torneios. Alberto Magno levou Tomás para participar desse campeonato, já que já o envolveu em projetos. Doutor em Cânones, Alberto depois levou Tomás a Colônia, na Alemanha, de onde sua família era proveniente, e completou ali seus estudos. O objetivo então seria traduzir e comentar Aristóteles. Fazer de Aristóteles parte necessária do Cânon doutrinário do Cristianismo Católico. Completou a obra de Alberto Magno nesse sentido.

Este século XIII, em que viveu breves 49 anos, São Tomás de Aquino foi uma cerimônia de profunda mudança na vida medieval. Há uma revolução tecnológica no mundo feudal, que permitiu que se estendesse a exploração da terra. É uma revolução industrial no mundo medieval. Levou a que a produção de alimentos crescesse profundamente, por força da mudança científica e tecnológica que permitiu maior rentabilidade na exploração da terra.

1200 também é uma época de redescoberta do mar. O Mediterrâneo perdeu os gravames de que estava cercado, os conflitos religiosos, militares e políticos fizeram que o mar fosse de piratas. O comércio renasceu. Do ponto de vista material, a Igreja vivia da renda da Terra. A Igreja se transformou na maior latifundiária do mundo medieval, já que havia, no Direito Consuetudinário Germânico, uma regra que autorizava a conquista militar da terra. O barão da terra conquistava a terra lavando-a com sangue. A regra do Direito Consuetudinário Germânico era “não há terra em senhor.” Esse barão da terra, cristianizado, tinha consigo uma culpa por ter conquistado a terra com sangue. A tarefa, então, seria de lavar sua alma. Ao término da vida, o grande rentista teria uma total fragilidade íntima e psicológica no tocante à remota possibilidade que ele tinha de salvar sua alma. Cristianizado, ele passava a buscar ajuda para a Redenção. A Igreja fornecia o perdão plenipotenciário, a indulgência total. Essa indulgência é objeto de desejo dos que lavaram a terra com sangue. Por isso fazem doação de terras para a Igreja, que se tornou latifundiária e rentista no mundo medieval. Do ponto de vista material, a Igreja Tomista, do tempo de Tomás de Aquino, era uma Igreja que tem uma presença preponderante no mundo. Do ponto de vista institucional, a Igreja estava confortavelmente instalada. O Direito vigente era o Canônico-Germânico. Quando se voltou ao grande comércio, surgiu a necessidade de se resgatar o Direito Romano, que já era superdesenvolvido, e seria ideal para a resolução dos problemas que surgiriam a partir dali. O Direito Germânico não tinha a solução porque era um Direito territorial, ao mesmo tempo em que o Direito Canônico também não tinha essa solução porque era um Direito institucional. Precisava-se de um Direito de tradição de resolução das questões contratuais e obrigacionais. Portanto voltou-se ao Direito Romano e o Direito Medieval passa a ser Canônico-Romano-Germânico. De qualquer forma, do ponto de vista jurídico, havia uma presença substantiva e então hegemônica da Igreja no mundo.

Do ponto de vista do poder, o papado preponderava sobre o império; havia uma aliança de papa + rei que dominavam o barão da terra. O papa se contrapunha ao barão da terra. O papa preponderava sobre o rei porque o reino era cristão, e num reino cristão reinava o rei, mas reinava em nome do papa. Era o papa quem consagrava o rei, e esse ato papal estava simbolizado porque ele entronizava o rei, coroando-o. Ninguém era detentor do poder de origem divina mais do que o papa, que é o representante vivo de Deus na Terra.

No ponto de vista espiritual, a Igreja também estava confortável, pois as concorrências, mesmo que agressivas, ainda eram fracas: Islamismo e Judaísmo. Do ponto de vista geopolítico a Igreja Católica preponderava sobre as duas outras religiões. Essa é a Igreja do tempo de Tomás de Aquino. Assim Tomás frustrou o projeto familiar de colocar um papa no poder, renunciando, de si para si, ao destino político da Igreja e se credenciou para o papel intelectual da instituição. Ele se formou intelectual orgânico da Igreja, mais do que um político no sentido burocrático do termo. Nada obstante, foi assessor de papas, e teve prestígio político extraordinário no centro de poder, resolvendo, inclusive, questões do interesse político e econômico da família fazendo com que ela tivesse o maior proveito de seu prestígio no papado.

Completando seu ciclo de formação, São Tomás de Aquino foi professor da Universidade de Paris, com ajuda de Alberto Magno, que lhe abriu as portas do ambiente acadêmico. Foi professor também na Universidade de Nápoles, vivendo em alternância entre as três cidades: Paris, Nápoles e Roma. De tal sorte que esse percurso existencial e funcional de Tomás de Aquino, que iria, do ponto de vista intelectual, se vincular a uma dupla tarefa: primeira, completar a tarefa de Alberto Magno, que era tradutor e comentarista de Aristóteles. Aristóteles foi abrigado na Universidade. O Ocidente desconhecia Aristóteles. As obras foram defenestradas pelos romanos durante a antiguidade. Os árabes as recuperaram. Até esse momento, os árabes tinham o saber mais avançado do mundo. É do árabe que se traduzirá Aristóteles para o latim e depois para o próprio grego. É desse projeto que Tomás de Aquino se ocuparia em grande parte: traduzir e comentar Aristóteles, difundindo o saber aristotélico, cristianizar Aristóteles, usar a Filosofia Aristotélica como argumento complementar dos argumentos teológicos. Por fim, integrar à Filosofia antiga, fazendo de Aristóteles um pensador cristão.

A segunda tarefa era resultante da vinculação aristotélica de Tomás de Aquino. Tanto Aristóteles quanto São Tomás de Aquino são racionalistas. À luz da razão, no primado da razão, que anteciparia um traço da modernidade, São Tomás provou racionalmente a existência de Deus, ainda que de maneira equivocada. Equivocada porque Deus prescinde de prova racional. Ele não se esgota nos critérios da razão; Ele transcende nos critérios dela. A fé tem critérios próprios, e não se submete a critérios racionais que são típicos da ciência. A fé não se vincula à sabedoria.

Chama-se cientismo ou cientificismo a pretensão equivocada da ciência de estabelecer seus critérios como os únicos válidos para a aferição da realidade. Eis que Tomás de Aquino, teólogo, estava, naquele momento, discorrendo para transportar a razão para dentro da Teologia, e se envolveu com essa questão equivocada da necessidade de provas racionais da existência de Deus.

Por isso Fernando Pessoa, poeta português, escreveu esse verso revelador da complexidade dessa questão. “Já viram Deus as minhas sensações.” Chegou à via sensorial do poeta! Não precisa de prova racional.

Tomás de Aquino construiu uma obra numerosa, surpreendente e magnífica para sua breve vida. Morto aos 49 anos, devemos deles descontar três em que Tomás viveu em total estado de demência. Era um “ensimesmamento” patológico que fez com que a única frase que passou a ouvir nesses três últimos anos foi “Frei Tomás, volte a si, porque a causa de Deus precisa que o senhor complete a sua obra.” No que respondeu: “não há o que completar. Tudo que escrevi não passa de feno, de palha, e deve ser queimado.” E voltou ao seu estado de desrazão até que a morte o alcançou. Nos últimos dias, transitou entre um mosteiro e outro, numa madrugada de tempestade, até que chegou ao seu destino ensopado, e já com sinais de sua doença pulmonar. Suspeita-se que morreu de pneumonia.

 

A obra

Tomás de Aquino passou cerca de 20 anos de sua vida compondo uma obra substancial, cujo centro é a Summa Theológica. Agora mesmo há uma edição da Editora Loyola, em dez volumes, feita a partir de uma tradução de Alexandre Correa, professor de Direito Romano na Universidade de São Paulo. Outra edição, de doze volumes em formato tabloide, contém onze de texto, e um décimo segundo com um guia, que ensina a consultar a Suma, pois nela há 3000 perguntas, e 1000 artigos para respondê-las. É um labirinto.

Nessa Suma Teológica, título traduzido, há dois tratados jurídicos: o Tratado da Lei e o Tratado da Justiça. Esses tratados são encontrados nessas duas edições. Há também uma edição absolutamente universitária, considerada a melhor do mundo, recomendada pelo professor, que é a edição da BAC, de Barcelona: Biblioteca de Autores Cristãos. Seis volumes em papel bíblico. É explicativa do pensamento de Tomás de Aquino, e considerada a melhor edição até pelo Vaticano.

Quem quiser pode ir atrás do Tratado da Lei e do Tratado da Justiça editados separadamente por uma editora portuguesa: Rés Jurídica. ¹ Os dois tratados foram publicados autonomamente.

Outra obra tomista relevante para o Direito é a Carta ao Rei de Chipre, também chamada de “Carta do Reino.” O rei de Chipre manda uma carta para Frei Tomás de Aquino, lhe perguntando como o príncipe deve ser e agir para se conduzir como um político verdadeiramente cristão. A resposta de Tomás de Aquino é uma obra prima do pensamento filosófico e jurídico. Foi certamente o espelho em que Maquiavel se inspirou para escrever Dei Principatti (O Príncipe)

São Tomás de Aquino completou a obra Agostiniana como filósofo já da Escolástica, e não da Patrística, contribuindo doutrinariamente para o desenvolvimento do argumento cristão-católico. É o comportamento intelectual orgânico da Igreja.

Tomás de Aquino é escolástico, que significa: Filosofia na Escola. A Igreja criara escolas anexas às catedrais, e essas escolas se pluralizaram no tempo medieval.

  1. Pesquisando encontrei “Rés Editora”, então assumi que “Rés Jurídica” é uma subdivisão daquela editora.